VIII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise AMP
A ORDEM SIMBÓLICA NO SÉCULO XXI
NÂO É MAIS O QUE ERA. QUE CONSEQUÊNCIAS PARA A CURA?
Associação Mundial de Psicanálise

23 a 27 de abril de 2012
Hotel Hilton

Macacha Güemes 351, Puerto Madero
Cidade de Buenos Aires, Argentina
INÍCIO COMISSÃO ORGANIZADORA CONTATO
ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Atividades preparatórias da EBP para o VIII Congresso da AMP
A ordem simbólica do século XXI não é mais o que era: que consequências para a cura?

Por vários cantos de nosso imenso Brasil, fazemos ressoar o tema do próximo Congresso da AMP: A ordem simbólica do século XXI não é mais o que era: que consequências para a cura? Nas seções e delegações da EBP as atividades preparatórias para o Congresso nos aquecem e convocam ainda mais o desejo de estarmos em Buenos Aires em abril do próximo ano. Assim, desde o último mês de julho diversos eventos têm marcado a presença da AMP nas Seções e delegações da EBP.

Na Seção Minas dois eventos já aconteceram: Gilson Ianinini apresentou o seminário "Levi Strauss e a eficácia simbólica", discutindo alguns episódios da aventura que colocou o conceito de simbólico na vanguarda das reflexões produzidas ao longo algumas décadas do século XX. Centrou seu comentário na abordagem de alguns pontos de continuidade e de descontinuidade entre Lévi-Strauss e Lacan, destacando também, o papel de Koyré na constituição do pensamento estrutural.

Ainda em Minas, Ricardo Seldes apresentou a conferência intitulada "Não nos cuidem tanto!", na qual problematizou o "grande sim" implicado no suposto acidente que foi a criação da WEB pelo senhor Berners Lee. Panóptico discreto. Assim nomeia o dispositivo de rastreamento de mensagens do Gmail, correio eletrônico do Google. Em resposta a uma controvérsia legal em que estava em jogo o direito à privacidade, alegam que os supostos vigilantes do conteúdo das mensagens não são humanos, mas robôs, e que o fazem para o bem dos usuários! Não nos cuidem tanto! ironiza Seldes, incrédulo quanto às boas intenções (das quais o inferno está cheio). Diante do empuxo à satisfação promovido pela internet, da dificuldade de resistir, assim como da prevalência do objeto, e da transmutação do significante em signo, Seldes localiza dois efeitos: a angústia e o tédio generalizado. Essa paradoxal liberação do Outro afeta o princípio de autoridade em geral, e também, aquele da autoridade analítica. A partir dessa constatação teve início um animado debate.

Na Seção Santa Catarina outros dois eventos aconteceram: duas conferências de colegas da EBP, Alberto Murta e Antônio Teixeira estimularam vigorosamente o debate sobre o tema do Congresso. O primeiro, com a conferência "Por que falar... Ainda, o sinthoma", lembrou que neste mundo da proliferação incessante dos objetos impostos ao consumo e do declínio radical da palavra, o recurso da fala encontra-se desvalorizado. Apontou algumas possibilidades de resposta a esses desafios. Uma dessas possibilidades se refere à questão do corpo. O corpo é o suporte do gozo. No sinthoma há um corpo que se goza, sem revestimento edípico. E lembrou ainda que "não existe experiência de análise sem contingência", esse encontro traumático que presentifica algo do real.

Já Antônio Teixeira falou sobre o infinito na psicanálise, os limites do simbólico e a formação do analista. Proferiu que o infinito está presente no discurso, como um elemento pulsional que não se esgota na emissão. E ao mesmo tempo podemos localizar um horror epistêmico acerca do infinito, que nos remete a um assunto central na psicanálise, que é o sexual. O interesse da psicanálise pelo infinito, passa pelo sexual, enquanto marcado pelo efeito do contingente (não há rapport sexual). Temos aí a abissal ausência de sentido do sexo na psicanálise.

Na Seção São Paulo, outras atividades marcaram uma forte preparação para o Congresso. Marie-Claude Sureau (AME da ECF) proferiu a conferência "Da ordem simbólica e da eternidade à topologia", da qual se pode destacar três eixos: a relação do tempo com o gozo, o fantasma da eternidade e a topologia. Destacou-se, "A topologia que nos traz o corpo. Os nós, os enlaçamentos, as torções, os rearranjos necessários. E para isso é preciso tempo. E isso faz um corpo".

Ainda em São Paulo a primeira atividade "Noite Scilicet", contou com a apresentação de dois verbetes de Scilicet 2012 por seus autores, membros da Seção São Paulo: Sandra Arruda Grostein, que falou sobre "Os Afetos" e Rômulo Ferreira da Silva, sobre "Delírio". Marie-Claude Sureau, com sua leitura minuciosa dos verbetes, colocou-nos no debate com os autores. Sandra A. Grostein destacou e comentou alguns fragmentos de "Televisão", de Lacan: "O afeto não está recalcado e sim deslocado". O afeto está desalojado do corpo. Não há lugar certo para o afeto no corpo, na linguagem, no sujeito e ao encontrar um bom lugar o afeto se desloca. "O afeto é desacordo". Se o contemporâneo preconiza "somos todos iguais" diante da lei, diante da promoção da saúde, etc., o que a psicanálise poderia propor ou nos indicar, inclusive na contramão disso? O campo do desacordo das línguas? O campo no qual cada um poderá, com seu modo específico, sustentar sua própria desordem? Foram estas as elaborações que Sandra nos trouxe e, que tomo como indicadores importantes para nossa investigação sobre o tema do Congresso.

E em seu verbete "delírio", Rômulo F. da Silva articulou que com Joyce, Lacan nos mostrou novas soluções possíveis para a psicose e não só a metáfora delirante ou o delírio como tentativa de cura. Com suas formulações, Rômulo propôs pensarmos em um "final de análise" para a psicose para além da metáfora delirante. Um "final de análise" com um laço social que toque o gozo do sujeito. Uma nova realidade delirante que separe o que é do sujeito e do Outro e para tal, o analista não iria buscar o sentido dessa realidade delirante, visaria o fora do sentido; trabalharia pela via da "interpretação na diagonal", como Marcelo Veras trabalhou em seu texto "Desencadeamento da psicose e proliferação do delírio", em Todo mundo delira (EBP, 2010).

Na Seção Bahia, a primeira atividade preparatória foi a projeção do filme "O discurso do rei", seguida do comentário de Bernardino Horne. Em seu comentário, Bernardino ressalta que o "quero curar-me" em detrimento do "não quero saber", enunciado pelo protagonista, representa a problemática do homem contemporâneo do sec. XXI que, submetido ao discurso capitalista, fica "objetalizado". O encontro com um sujeito nesta posição, requer do analista um ato que frature o seu congelamento no discurso capitalista e o direcione ao saber.

Assim, seguimos aqui no Brasil, nas singularidades que compõem a EBP, através das suas Seções e Delegações, trabalhando fortemente para o encontro que nos espera no próximo ano em Buenos Aires.

Seção Minas Gerais

Agosto Dia 30
O Século, de Alain Badiou (2005)
Apresentação: Frederico Feu
Comentários: Jorge Pimenta

Setembro Dia 27
Le Périple structural, deJean-Claude Milner (2002)
Apresentação: Antônio Teixeira
Comentários: Lucas Carvalho Ribeiro

Novembro Dia 08
L’objet du siècle, de Gérard Wajcman (1998)
Apresentação: Yolanda Vilela
Comentários: Samyra Assad

Dezembro Dia 03
O após-Édipo
Conferencista: Romildo do Rêgo Barros
Comentários: Jésus Santiago

Seção São Paulo
Agosto Dia 10 (21 h)
A ordem simbólica e o tempo
Conferencista: Marie-Claude Sureau
Coordenação: Luiz Fernando Carrijo da Cunha

Noite Scilicet na EBP – SP
Agosto Dia 24
Verbetes:
"Os afetos" – Sandra Grostein
"Delírio"- Rômulo Ferreira da Silva
Debatedora: Marie-Claude Sureau
Coordenadora: Marizilda Paulino

Setembro Dia 22
Verbetes:
"Verdade -mentira": Angelina Harari
"Espetáculo": Jorge Forbes
Debatedora: Marie-Hélène Brousse

Seção Rio
Agosto Dia 29
Ciclo de Encontros para o VIII Congresso da AMP
Primeira noite preparatória: Comentários e discussão a cerca do texto de Eric Laurent, "A Ordem Simbólica no Século XXI - Consequências para o tratamento"
Coordenação: Vanda Almeida

Seção Bahia
Agosto Dia 19 (17:30)
Cinema itinerante
Filme: O discurso do Rei
Debatedor: Bernardino Horne

Delegação Paraíba
João Pessoa

Agosto Dia 18 (20h)
Discussão do texto: A ordem simbólica no século XXI: conseqüências para a cura – Éric Laurent
Apresentação: margarida Assad
Coordenação: Cassandra Dias e Cleide Pereira