VIII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise AMP
A ORDEM SIMBÓLICA NO SÉCULO XXI
NÂO É MAIS O QUE ERA. QUE CONSEQUÊNCIAS PARA A CURA?
Associação Mundial de Psicanálise

23 a 27 de abril de 2012
Hotel Hilton

Macacha Güemes 351, Puerto Madero
Cidade de Buenos Aires, Argentina
INÍCIO COMISSÃO ORGANIZADORA CONTATO
ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Segunda resenha das atividades preparatórias da EBP para o VIII Congresso da AMP
A ordem simbólica do século XXI não é mais o que era: que consequências para a cura?

Aqui no Brasil continuamos com nosso intenso trabalho de preparação para o VI Congresso da AMP. As Seções e Delegações estão a todo vapor fazendo ressoar o tema.

Esta resenha apresentará os eventos ocorrido na Seção São Paulo, São Minas, Seção Santa Catarina, Seção Rio, Seção Bahia e Delegação Paraíba.

Em São Paulo a atividade "Noites Silicet" trouxe a discussão dos verbetes Verdade-Mentira, escrito por Angelina Harari e Espetáculo, escrito por Jorge Forbes. Para debater com os autores contou-se com a presença de Marie-Hélène Brousse, que ressaltou um ponto da epistemologia lacaniana presente nos dois textos: o estatuto da representação na prática da psicanálise, afirmando que Lacan no final de seu ensino considerava que a representação só existia pela metáfora, pela substituição. E, afinal, todas as metáforas comportam um efeito de verdade. Mas se comporta um efeito de verdade, já anuncia que é verdade mentirosa, fazendo uma aliança da verdade com a mentira. Essa aliança nos remete à questão do passe e à historisterização da análise. Temos, então, que as verdades em psicanálise são verdades variáveis (varidade, segundo Lacan) e que a verdade tem estrutura de ficção. O passe, portanto, não é a revelação de uma verdade, mas a revelação de que a verdade é mentirosa.

Forbes, com o verbete Espetáculo, relembrou que esse é um termo caro à psicanálise – "ver uma cena". Freud já se referia a "uma outra cena" (o Inconsciente) e Lacan, em 1936, com seu trabalho sobre o Espelho também se inicia na psicanálise com um estudo sobre o espetáculo. Salientou que vivemos na sociedade do espetáculo, passando de uma sociedade industrial (com o laço social vertical), padronizada em todos os níveis, com cenas fixas e explicações prêt-à-porter para uma sociedade globalizada (laço social horizontal), da era da informação. Se antes o Imaginário era submetido às leis compreensivas do registro do Simbólico, hoje o "Imaginário se associa diretamente ao Real, sem necessidade da intermediação simbólica".

Já em Santa Catarina, duas atividades trouxeram ao debate o tema do Congresso. A primeira, uma conferência com o psicanalista correspondente da Seção, Luis Francisco Espíndola Camargo, intitulada "Os limites do simbólico e o infinito na psicanálise", partiu do impasse freudiano apresentado em "Análise terminável e interminável" centrado sobre os limites do tratamento analítico e seus obstáculos, enlaçando o trabalho de Lacan com os conceitos freudianos e que, em seu ir além, inicia o seu ensino tomando como questão os limites de Freud. Ressaltou que a dimensão de análise finita em Lacan está proposta em termos de travessia da fantasia e a dimensão infinita é caracterizada pelos desenvolvimentos lacanianos em torno do conceito de sinthoma e o de um "savoir y faire" em relação ao gozo que resta na fantasia, índice do real sem lei. Ressaltou que é no texto dos Escritos, o seminário sobre "A carta roubada", onde Lacan esclarece o termo ordem simbólica como o modo de organização da rede significante constituinte do sujeito.

Outra atividade que nos ocupou em Santa Catarina, foi o "Cartel Fulgurante". Três cartéis formados para trabalhar em apenas um dia, centraram-se em torno de textos indicados às preparatórias do Congresso e realizaram no mesmo momento uma produção coletiva, apresentada a todos os presentes. Boa parte das discussões e da apresentação dos trabalho dos cartéis fez-se em torno da questão do desbussolamento atual, levando em consideração que isso não significa uma total ausência de direção, já que o objeto a é a bússola contemporânea.

Na Seção Bahia, Marcelo Véras, realizou a conferência "De Madonna a Lady Gaga, algumas reflexões sobre o feminino no século XXI", lembrando Freud no seu modo dialético de focalizar as conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos, cujo modo de gozar estaria atrelado à lógica fálica do ter ou não ter. No século XXI, a lógica da satisfação sexual não mais se ordena em torno do falo e sim em cima do objeto a, o que aponta para uma pane do desejo.

Na Seção Rio, para o "Primeiro Encontro Preparatório ao VIII Congresso da AMP" debateu-se o texto de Eric Laurent "A ordem simbólica no século XXI. Consequências para o tratamento". O trabalho ficou a cargo de Romildo do Rêgo Barros, Marcus André Vieira, Fernando Coutinho e Ondina Machado. O primeiro ponto destacado foi a maneira pela qual Laurent aborda a ordem simbólica, demonstrando que para a psicanálise, "a ordem simbólica e a desordem simbólica, não se encontram em oposição absoluta", mas servem uma a outra, quer dizer,"a psicanálise aborda a ordem simbólica pelo seu lado de desordem". Trata-se de um "elogio à desordem simbólica." A ironia é que essa desordem deu à psicanálise um lugar na "revolução lógica do século XX." Destacou-se também a posição do analista. O analista vazio, advertido do seu gozo. Aquele que sabe se instalar na posição do "analista-trauma", que perturba a defesa do analisante e "aceita correr riscos calculados sem precisar se submeter à interdições mortificantes"e standartizadas. Aquele que se dispõe "a tratar o mal-estar do sujeito desbussolado indo contra suas defesas". O analista de orientação lacaniana visa hoje, mais do que nunca,"o mal-estar do ser falante e não a sua adaptação". Sua preocupação não está voltada à saúde mental, uma vez que ela está a serviço do discurso do mestre contemporâneo e se apoia no discurso da ciência e não no discurso da psicanálise, que tem como orientação o sinthoma. Seu ato visa ir "em direção à invenção do ser falante sobre o que será possível fazer para melhor lidar com o que há de incurável no seu gozo".

Na Seção Minas ocorreram dois encontros em "Seminários da Biblioteca". No primeiro, Frederico Feu apresentou a leitura do livro O Século, de Alain Badiou, relançando questões e desdobramentos propostos pelo próprio Badiou: O que foi a experiência do séc. XX? Quais são seus traços mais marcantes, como podemos nomeá-lo? É preciso partir de uma constatação: "o século XX aconteceu". O livro é um desdobramento ético dessa constatação axiomática. Um acontecimento é sempre um excesso em relação à ordem simbólica na qual ele se insere. Sendo um excesso em relação aos elementos de uma situação, é necessário manter em suspenso sua indecidibilidade, até que uma nomeação seja possível. "O século" é essa tentativa de nomeação de uma experiência finita, buscando dela extrair sua infinitude, aquilo que a ultrapassa. É possível também falar do século como um sujeito, como a irrupção de algo, de um ponto de verdade inapreensível a não ser através de procedimentos que se subtraem à identificação com a sua época e a sua temporalidade própria. É assim com as vanguardas na arte, com as revoltas políticas, com as formalizações matemáticas em relação aos limites de um sistema de pensamento ou com um novo amor.

No segundo encontro "Seminários da Biblioteca", Antônio Teixeira apresenta "A caverna e a estrutura", propondo um contraponto entre a perspectiva estruturalista de Lacan, e o existencialismo de Sartre. Tal oposição configura-se a partir de uma decisão relativa à topologia da Caverna e a questão de sua saída. Sartre acreditava que o sujeito poderia escapar da Caverna, concebendo o plano existencial da liberdade na forma da luz sem sombra que Platão coloca em seu exterior. A retomada contemporânea desse mito concerne, predominantemente, à temática do simulacro ideológico da realidade representada segundo a lógica da dominação. A partir disso alcançou-se a discussão proposta por Jean-Claude Milner, em O Périplo Estrutural. Para Lacan, assim como para todos os grandes estruturalistas, a crença de se sair da caverna não passa de mais uma sutil ilusão da caverna. A idéia de se habitar um lugar extra-ideológico se revela fruto da própria ideologia. A tese lacaniana clássica de que não há metalinguagem alude ao dado de que não há como sair da Caverna para falar da Caverna. Lacan interpreta a alegoria platônica acrescentando que, na verdade, não se pode sair porque não há exterior; a Caverna da linguagem é um plano projetivo em que dentro e fora estão em continuação. Uma perspectiva inusitada se abre então: ao percebermos a caverna como um plano projetivo, encontramos algo distinto do lugar de tristeza dos prisioneiros encadeados. Temos, agora, nas cadeias da linguagem, a possibilidade de decifração de um gaio saber referido à causa do desejo, construído sobre o equívoco que desestabiliza as codificações discursivas, mesmo que da caverna não se saia jamais.

A Delegação Paraíba realizou a segunda "Noite Preparatória para o Congresso de Buenos Aires". Foram apresentadas e trabalhadas questões com base nos textos publicados em UM POR UM. Cassandra Farias levantou uma problemática em torno dos limites do Simbólico, na contemporaneidade, evidenciando a posição do "Outro que não existe" repercutindo na prática clínica de nossos dias, e Margarida Assad, seguindo na mesma direção, apontou efeitos do desgaste do grande Outro Simbólico em sua experiência na saúde mental, atualmente. Introduziu indagações relevantes em relação ao tratamento dado à loucura, no âmbito dos profissionais que trabalham na citada área.

E já com as agendas cheias para os meses que virão, a EBP segue firme rumo ao Congresso!

Atividades Preparatórias da EBP para o Congresso da Associação Mundial de Psicanálise – AMP: Agenda 3
A ordem simbólica no século XXI não é mais o que era. Que conseqüências para a cura?

Seção Minas Gerais
Novembro Dia 08 - L’objet du siècle, de Gérard Wajcman (1998)
Apresentação: Yolanda Vilela
Comentários: Samyra Assad

Dezembro Dia 03 - O após-Édipo
Conferencista: Romildo do Rêgo Barros
Comentários: Jésus Santiago

Seção Santa Catarina
Setembro Dia 27- Os limites do simbólico e o infinito na psicanálise
Apresentação: Luiz Francisco Camargo

Outubro Dia 08- Cartéis fulgurantes
Responsáveis: Oscar Reymundo, Cinthia Busato e Patrícia Boeing

Seção Bahia
Setembro Dia 21- "De Madona à Lady Gaga: algumas reflexões sobre o feminino no século XXI
Apresentação: Marcelo Veras

Outubro Dia 10- "A revolução Lacaniana: a estrutura topológica da experiência humana.
Convidado: Pierre Kkriabine
Coordenador: Bernardino Horne

Seção Rio
Outubro Dia 31- Segundo Encontro Preparatório ao VIII Congresso da AMP-2012
Leituras: "A ordem simbólica no século XXI. Consequências para o tratamento", de Eric Laurent e "Uma Fantasia" de Jacques- Alain Miller
Convidados: Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros e Angela Folly Negreiros, com a participação de Serge Cottet
Coordenação: Vanda Assumpção

Delegação Rio Grande do Norte
Setembro Dia 15 – Leitura: "Projeto de Organização das Noites AMP", de Rose- Paule Vinciguerra
Outubro Dia 20 – Leitura: "Uma Fantasia"- Jacques-Alain Miller
Novembro Dia 17– Leitura: Leitura "A ordem simbólica no século XXI: Consequências para o tratamento- Éric Laurent
Dezembro Dia 15– Leitura"Sem Nostalgia"- Oscar Ventura
Coordenação das atividades: Juliana Ribeiro e Liège Uchôa

Delegação Campo Grande
Setembro Dia 24 - NOITE LUAR COM LACAN
Apresentação do VIII Congresso da AMP, por Flory Kruger

Conferência de Jacques-Alain Miller em Comandatuba, por Jacques- Alain-Miller
Ressonâncias de "Uma Fantasia" A invenção da prática lacaniana, por Leonardo Gorostiza
Responsável: Fernanda Fernandez e Katiuscia Kintschev
Dia 30 - NOITE DAS ESTRELAS COM LACAN - HOMENAGEM A LACAN
Responsável: Vanessa Figueiredo

Outubro Dia 29 - LUAR COM SILICET
Convidados:
Luto- Romildo do Rêgo Barros
Vida- Bernardino Horne
Responsável: Zilda Maria Borges

Novembro Dia 27 - MANHÃ DE SOL COM LACAN - OS EFEITOS DO ENSINO DE LACAN ENTRE NÓS
Convidada: Cristina Drummond Responsável: Zilda Maria Borges

Dezembro Dia 12 - LUAR COM SILICET
Convidados
Afetos- Sandra Grostein
Delírio- Rômulo F. da Silva
Responsáveis: Maria de Fátima Peret e Zilda Maria Borges

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