VIII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise AMP
A ORDEM SIMBÓLICA NO SÉCULO XXI
NÂO É MAIS O QUE ERA. QUE CONSEQUÊNCIAS PARA A CURA?
Associação Mundial de Psicanálise

23 a 27 de abril de 2012
Hotel Hilton

Macacha Güemes 351, Puerto Madero
Cidade de Buenos Aires, Argentina
INÍCIO COMISSÃO ORGANIZADORA CONTATO
ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Quinta resenha das atividades preparatórias da EBP para o VIII Congresso da AMP:
A ordem simbólica do século XXI não é mais o que era: que consequências para a cura?

Neste último ano, as Seções e Delegações ligadas a EBP estiveram trabalhando a todo o vapor. Muito deste trabalho teve como objeto causa o VIII Congresso da AMP. E agora, já estamos contando as horas para o encontro em Buenos Aires, com as malas quase prontas.

No último Enapol, junho de 2011, no Rio de Janeiro, Angelina Harari criou esta comissão ad hoc para cuidar, estimular, divulgar a agenda e os resultados das atividades preparatórias da EBP para o VIII Congresso da AMP. Colegas das Seções da EBP se juntaram neste grupo, fazendo ressoar pelo Brasil a proposta do grupo. Foram muitas atividades ao longo deste tempo. As Seções e Delegações receberam muito bem a ideia e puseram-se a trabalhar com todo empenho fazendo do tema do Congresso a constante nos estudos, reflexões e elaborações dos que estiveram presentes.

E realmente foram muitas as atividades. Levando em consideração todas as peculiaridades das Seções e Delegações do País, ainda que a causa das atividades fosse o Congresso, elas foram sempre ao seu modo, de maneiras diversas. Os verbetes do Scilicet escritos ou traduzidos pelos Brasileiros foram quase unanimidade. Nos debruçamos sobre eles em discussões riquíssimas. O Boletim um por um também contribuiu abundantemente como fonte dos trabalhos e debates. E outros textos de colegas da EBP e da AMP que tão bem nos possibilitaram a discussão sobre o tema, estiveram presentes nos recantos diversos da EBP.

A maneira como os relatos das atividades chegaram a esta comissão também não pode ser sem a marca da diferença. Algumas Seções e Delegações nos contaram detalhadamente os resultados dos seus encontros, outras, apenas nos comunicaram a existência das atividades. E sabemos também que muito escapou e que nem todo o trabalho ocorrido como preparatória para o Congresso chegou como notícia. Sempre uma resenha geral foi construída e divulgada no site no Congresso, bem como a agenda das atividades programadas. Esta é última resenha que fazemos, com a sensação de que muito trabalho foi feito e a EBP está a toda, preparada e absolutamente causada para encontrar com os outros colegas da AMP e seguir nas discussões na próxima semana em Buenos Aires.

Segue aqui o relato das últimas atividades preparatórias da EBP:

A Seção Santa Catarina, em abril, se pôs a trabalhar sobre os verbetes do Silicet que foram traduzidos por seus membros. A atividade, coordenada por Liège Goulart, foi dividida em dois dias de trabalho. No primeiro, Oscar Reymundo fez um comentário elaborado a partir do verbete “Ordem de ferro”, de Juan Carlos Indart. Em seguida, Eneida Medeiros dos Santos apresentou suas considerações sobre o verbete “Inibição”, de Vera Gorali. Por último, Laureci Nunes trouxe sua contribuição acerca do verbete “Vergonha”, de Roberto Cavasola. Os tradutores e apresentadores fizeram interessantes articulações com outros textos, casos clínicos e questões da contemporaneidade. Após a leitura dos comentários, foi aberto um momento para discussão, oportunidade em que os demais presentes puderam trazer suas questões e colaborações. No segundo dia da atividade, foram realizadas apresentações de outros verbetes de Scilicet: “Loucura-Debilidade Mental,” de Daniel Millas, por Silvia Emilia Esposito e “Nominação”, de Liliana Cazenave, por Maria Teresa Wendhausen. Maria Teresa Wendhausen apresentou o verbete Nominação em que, passando por conceitos como “Nome do Pai” e "Pai do nome", apontou sobre o que está em jogo no nomear e na nominação. Esclarece-nos que o “Pai do nome” se refere ao pai que transmite algo do seu gozo, o pai da perversion, é um pai encarnado. Silvia Emilia Espósito trabalhou na sua apresentação a Loucura e a Debilidade Mental. Explicou que no caso da Debilidade não há uma posição de sujeito, não existe a possibilidade de produzir um saber, o débil encontra-se entre dois discursos e flutua, não escolhe uma posição e nega a sua própria divisão. A debilidade pode estar tanto na psicose como na neurose. Na análise, diante do Real, precisa-se escolher entre a loucura e a debilidade, disse Lacan e Miller aconselha escolher a debilidade, advertida do real, do resto.

A Seção Rio teve como convidado do seu último Encontro Preparatório ao Congresso da AMP, Celso Rennó Lima, falando sobre seu verbete “Incurável”. Desse modo, estabeleceu uma sequência de textos que foram contribuindo para que as discussões pudessem avançar. Seu texto contempla o ponto de irredutibilidade da experiência do sujeito em sua relação inaugural com o Outro, na qual um ponto de opacidade, um resto silencioso, “consequência da incidência de um significante, não se subjetiva”, um incurável,” que não permite que desejo e percepção coincidam”. Um ponto de opacidade que marca dentre outras questões, a não relação entre os sexos. Como diz o autor, o incurável promove o sintoma, sendo esse a única possibilidade de fazer laço e de permitir uma leitura, uma interpretação, “na medida em que participa de uma escritura, função de letra”. Aproximando o sintoma à cena da fantasia, ele ressalta que este nada mais é do que o envelope da pulsão,sendo na verdade, uma maneira pela qual o sujeito encontra de buscar apreender um objeto no campo do Outro, ou seja, o objeto pequeno a, que lhe sirva de parceiro. É o objeto pequeno a, enquanto objeto agalmático, que permite a entrada no campo do Outro, nos diz, tornando possível a “construção da determinação de uma constante pela qual o sujeito se relaciona com o real do gozo”. É, pois, a partir dessa construção, que uma interpretação poderá operar fazendo emergir a dessemelhança entre “A Coisa e o seu atributo”....“Esse é o momento em que há a possibilidade de um significante se produzir passível de indexar a falta, um nome que estabelece novos rumos e faz intervir a letra como borda do real”. Nesse momento uma nova relação com o saber surge para o sujeito, onde consente com seu modo singular de gozo, estabelecendo, assim, uma nova aliança com a pulsão.

Em outubro de 2011, por ocasião da XVII Jornada da EBP-Bahia e XIII Jornada do Instituto de Psicanálise da Bahia, esteve presente o psicanalista francês Pierre Skriabine – membro da AMP. As Jornadas foram antecedidas por uma noite aberta ao público, homenageando os 30 anos da morte de Jacques Lacan, com uma atividade preparatória para o VIII Congresso de Membros da AMP. Em conformidade com o tema proposto para o Congresso, o nosso convidado nos brindou com uma conferência intitulada: “A revolução lacaniana: a estrutura topológica da experiência humana”, sob a coordenação de Bernardino Horne. O caminho revolucionário percorrido foi a passagem de uma perspectiva de fundamentada pela linguagem para uma perspectiva topológica, como modo de pensar a constituição da estrutura do sujeito falante. Esta concepção, segundo o palestrante, nos confronta com uma nova ordem simbólica, de acordo com a qual a linguagem, que coloca em ação a falha do universo através do registro simbólico, apresenta um ponto de impotência frente a algo que não pode ser dito, particularmente do lado do sexo e do gozo. A topologia de Lacan é fundada a partir da não existência do Outro. E sobre isso Skriabine sinalizou a importante distinção de que o Outro existe no plano do ser e inexiste no plano da existência. A atividade psíquica do ser falante se encontra topologicamente organizada em torno de um buraco, aludindo a uma falha no universo, o que causa horror e por isso exige da linguagem os arranjos possíveis para suportá-la. Considerando esta falha, o campo do ser falante é a-esférico, o que requer do psicanalista um saber pensar “aesféricamente”. Nesta convocação ética feita ao psicanalista, foi localizado o ponto crucial da revolução lacaniana. E foi este o ponto a partir do qual Pierre Skriabine traçou todo o desenvolvimento de sua fala, permeada de notáveis exemplos clínicos da sua experiência de análise com Lacan, suscitando dos presentes uma escuta atenta e um proveitoso debate.

A Delegação Rio Grande do Norte também teve uma grande agenda de trabalho voltada às preparatórias do Congresso. Ainda em 2011, atividades foram realizadas em agosto, setembro, outubro e novembro. Sob as coordenações de Juliana Ribeiro e Liège Uchôa, foram debatidos os textos: “Uma Fantasia” de Jacques Alain Miller”, Ressonâncias de “Uma fantasia”: A invenção da prática lacaniana de Leonardo Gorostiza, "Projeto de Organização das Noites AMP", de Rose-Paule Vinciguerra, "Sem Nostalgia" de Oscar Ventura. Já em março e abril, sob a coordenação das mesmas colegas, foram debatidos os textos “Apresentação do VIII Congresso da AMP” de Flory Kruger e "A ordem simbólica no século XXI: Consequências para o tratamento de Éric Laurent.

Com este último relatório, nos despedimos por aqui, esperando encontrarmos todos animadíssimos em Buenos Aires.

Comissão ad hoc das preparatórias da EBP para o VIII Congresso da AMP

Angelina Harari (coordenadora)
Analícea Calmon
Gresiela Nunes da Rosa
Lucíola Macedo
Patrícia Badari
Vanda Almeida